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sexta-feira, 17 de julho de 2020

O Caso Delmo: Parte 02 - Confissão e reconstrução do crime


Ouça no Spotify: https://open.spotify.com/episode/4bS2dlIifTZWaLQmSRoFBt?si=55IMlregTGC5-hkJqweB2A

E aí pessoal aqui é Sherman Cardoso, criador deste podcast, e essa nova temporada do reino do norte irá abordar O caso delmo, crime ocorrido em manaus no início da década de 50. se você não ouviu o episódio anterior Eu recomendo que pare, volte e ouça do começo. 
No dia 31 de janeiro de 1952, quinta-feira, as autoridades tiveram conhecimento de que um corpo foi encontrado no quilômetro 9 da estrada de Campos Sales. Após o exame cadavérico, constatou-se que era do chofer José Honório Alves da Costa, assassinado com dois tiros. 
Enquanto investigava este caso, a polícia foi informada da agressão ocorrida durante a madrugada deste mesmo dia, ao vigia António Firmino da Silva, que declarou ter sido atacado por três indivíduos, reconhecendo como um dos autores o jovem delmo Pereira, Filho de Roberto Pereira proprietário da Serraria a qual ele trabalhava.
Perto das 10 horas, acompanhado do seu advogado, o doutor Castro Monte, delmo Pereira se apresenta às autoridades confessando ser o autor da agressão ao vigia da Serraria, porém 3:30 depois de interrogatório, às 13:30 delmo confessa além da agressão ao vigia Antônio Firmino, participação no assassinato do chofer José Honório. Delmo relata que na madrugada do dia 31 de janeiro, se dirigiu a serraria de seu pai, com intuito de pegar algum dinheiro para continuar aproveitando a sua noitada, que no caminho encontrou dois desconhecidos, e que esses informaram um plano de assalto a serraria. Delmo se prontifica a participar do plano afirmando que facilitaria colocá-lo em ação pois era filho do dono. 
Ao chegarem no local, eles agridem o vigia com uma chave inglesa e roubam seu revólver, em seguida tomam um táxi em direção à estrada de Campos Sales, lá eles assassinam com dois tiros o chofer José Honório Alves da Costa, motorista do carro 279, alegando que o mesmo era testemunha da agressão ao vigia. Por volta das 15:30, a polícia juntamente com Delmo se dirigem a estrada de Campos Sales para fazer a reconstituição do crime, neste mesmo horário começa a circular as primeiras matérias divulgadas pelo diário da tarde, um dos jornais da época que cobriram o caso. 
Essas são todas as informações que tínhamos no dia 31 de janeiro. Agora me permita fazer algumas atualizações: No episódio anterior eu dediquei alguns minutos para contextualizar você de como era Manaus em 1952. 
Entretanto, algumas coisas passaram despercebidas e aproveito para citá-las agora: Mencionei que o bairro constantinopolis, onde era localizada a serraria Pereira, hoje compreende os bairros Colônia Oliveira Machado e Educandos, porém esqueci de informar que a estrada de Campos Sales, onde ocorreu o assassinato do chofer, hoje é conhecida como Av. Torquato Tapajós. Essas informações eu obtive em conversa com o escritor e pesquisador Fábio Augusto Pedrosa, finalista do curso de história na universidade federal do Amazonas, e autor do Blog História Inteligente, o qual recomendo leitura das matérias e artigos. 
Os links estarão na descrição do episódio. Outro detalhe que não me atentei foi mencionar que a população de Manaus na década de 50 era menor que a população atual do bairro cidade nova. Para quem não conhece Manaus, esse é um dos maiores bairros da cidade e está localizado na zona norte da capital. Em uma época onde o rádio era artigo de luxo e poucas pessoas tinham acesso, a sociedade manauara tinha conhecimento dos fatos através de dois jornais de circulação, um pela manhã de nome O Jornal, e outro no fim da tarde de nome Diário da Tarde. Por esse motivo, algumas vezes você irá notar que um complementa o outro, abordando novos fatos e detalhes do caso, porém em outras, eles se contradizem completamente, criando ainda mais dúvida sobre o que aconteceu. 
Como vc poderá perceber a seguir nas matérias publicadas na sexta-feira, 1º de fevereiro de 1952, um dia após o crime de Campos Sales. 

Para analisar um caso criminal ocorrido há quase 70 anos utilizando as matérias publicadas pela imprensa daquela época, é necessário muita pesquisa, checando fontes,nomes, lugares, registros fotográficos e tentando de alguma forma costurar todo o cenário do período com o crime ocorrido. Tudo isso exige muita cautela, para que o caso não seja tratado com displicência ou desrespeito a memória dos envolvidos. 
Principalmente para não conduzir a abordagem de forma tendenciosa ou sensacionalista, utilizando a narrativa do bem versus mal. O intuito, é sempre expor os fatos registrados com imparcialidade e respeito a você ouvinte. Em nossa atual posição, privilegiada e confortável, meio século a frente dos acontecimentos, podemos nos permitir maior frieza e calma para fazer algumas indagações: 
1- Pq Delmo se apresentou às autoridades para confessar o crime? 
2- qual motivo de tantas contradições nos depoimentos prestados por Delmo? 
3- Pq não foi realizada nenhuma perícia na serraria, ou pq o Delmo não foi submetido a um exame de corpo e delito após alegar que havia sido violentado na estrada de Campos Sales? 
4- pq Delmo insistia na versão de ter sido o único autor do crime, já que ele não admitia tê-lo cometido em seu primeiro depoimento?
 
Caso vc goste deste trabalho, e queira contribuir para diminuir o tempo de lançamento entre os episódios, qualquer quantia é bem vinda. basta acessar o site apoia.se no link: apoia.se/reinodonorte. Novamente o meu agradecimento a todos e até o próximo episódio

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