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No dia 31 de janeiro de 1952, quinta-feira, as autoridades tiveram conhecimento de que um
corpo foi encontrado no quilômetro 9 da estrada de Campos Sales. Após o exame cadavérico,
constatou-se que era do chofer José Honório Alves da Costa, assassinado com dois tiros.
Enquanto investigava este caso, a polícia foi informada da agressão ocorrida durante a
madrugada deste mesmo dia, ao vigia António Firmino da Silva, que declarou ter sido atacado
por três indivíduos, reconhecendo como um dos autores o jovem delmo Pereira, Filho de
Roberto Pereira proprietário da Serraria a qual ele trabalhava.
Perto das 10 horas, acompanhado do seu advogado, o doutor Castro Monte, delmo Pereira se
apresenta às autoridades confessando ser o autor da agressão ao vigia da Serraria, porém
3:30 depois de interrogatório, às 13:30 delmo confessa além da agressão ao vigia Antônio
Firmino, participação no assassinato do chofer José Honório.
Delmo relata que na madrugada do dia 31 de janeiro, se dirigiu a serraria de seu pai, com
intuito de pegar algum dinheiro para continuar aproveitando a sua noitada, que no caminho
encontrou dois desconhecidos, e que esses informaram um plano de assalto a serraria. Delmo
se prontifica a participar do plano afirmando que facilitaria colocá-lo em ação pois era filho do
dono.
Ao chegarem no local, eles agridem o vigia com uma chave inglesa e roubam seu revólver, em
seguida tomam um táxi em direção à estrada de Campos Sales, lá eles assassinam com dois
tiros o chofer José Honório Alves da Costa, motorista do carro 279, alegando que o mesmo era
testemunha da agressão ao vigia.
Por volta das 15:30, a polícia juntamente com Delmo se dirigem a estrada de Campos Sales
para fazer a reconstituição do crime, neste mesmo horário começa a circular as primeiras
matérias divulgadas pelo diário da tarde, um dos jornais da época que cobriram o caso.
Essas são todas as informações que tínhamos no dia 31 de janeiro.
Agora me permita fazer algumas atualizações:
No episódio anterior eu dediquei alguns minutos para contextualizar você de como era Manaus
em 1952.
Entretanto, algumas coisas passaram despercebidas e aproveito para citá-las agora:
Mencionei que o bairro constantinopolis, onde era localizada a serraria Pereira, hoje
compreende os bairros Colônia Oliveira Machado e Educandos, porém esqueci de informar que
a estrada de Campos Sales, onde ocorreu o assassinato do chofer, hoje é conhecida como Av.
Torquato Tapajós.
Essas informações eu obtive em conversa com o escritor e pesquisador Fábio Augusto
Pedrosa, finalista do curso de história na universidade federal do Amazonas, e autor do Blog
História Inteligente, o qual recomendo leitura das matérias e artigos.
Os links estarão na
descrição do episódio.
Outro detalhe que não me atentei foi mencionar que a população de Manaus na década de 50
era menor que a população atual do bairro cidade nova. Para quem não conhece Manaus, esse
é um dos maiores bairros da cidade e está localizado na zona norte da capital.
Em uma época onde o rádio era artigo de luxo e poucas pessoas tinham acesso, a sociedade
manauara tinha conhecimento dos fatos através de dois jornais de circulação, um pela manhã
de nome O Jornal, e outro no fim da tarde de nome Diário da Tarde.
Por esse motivo, algumas vezes você irá notar que um complementa o outro, abordando novos
fatos e detalhes do caso, porém em outras, eles se contradizem completamente, criando ainda
mais dúvida sobre o que aconteceu.
Como vc poderá perceber a seguir nas matérias publicadas na sexta-feira, 1º de fevereiro de
1952, um dia após o crime de Campos Sales.
Para analisar um caso criminal ocorrido há quase 70 anos utilizando as matérias publicadas
pela imprensa daquela época, é necessário muita pesquisa, checando fontes,nomes, lugares,
registros fotográficos e tentando de alguma forma costurar todo o cenário do período com o
crime ocorrido.
Tudo isso exige muita cautela, para que o caso não seja tratado com displicência ou
desrespeito a memória dos envolvidos.
Principalmente para não conduzir a abordagem de forma tendenciosa ou sensacionalista,
utilizando a narrativa do bem versus mal.
O intuito, é sempre expor os fatos registrados com imparcialidade e respeito a você ouvinte.
Em nossa atual posição, privilegiada e confortável, meio século a frente dos acontecimentos,
podemos nos permitir maior frieza e calma para fazer algumas indagações:
1- Pq Delmo se apresentou às autoridades para confessar o crime?
2- qual motivo de tantas contradições nos depoimentos prestados por Delmo?
3- Pq não foi realizada nenhuma perícia na serraria, ou pq o Delmo não foi submetido a um
exame de corpo e delito após alegar que havia sido violentado na estrada de Campos Sales?
4- pq Delmo insistia na versão de ter sido o único autor do crime, já que ele não admitia tê-lo
cometido em seu primeiro depoimento?
Caso vc goste deste trabalho, e queira contribuir para diminuir o tempo de lançamento entre os
episódios, qualquer quantia é bem vinda. basta acessar o site apoia.se no link:
apoia.se/reinodonorte. Novamente o meu agradecimento a todos e até o próximo episódio
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